quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Quinta-feira

Quinta-feira é dia de feira na minha rua. Logo de manhã pela janela, vejo o movimento dos vendedores às pressas para arrumar suas barracas. Os postes, invejosos, fazem o papel das estrelas para iluminar os poucos transeuntes que ali passavam para irem aos seus trabalhos. Todos estão sozinhos aqui. Minha rua é uma rua pacata. A população só sabe da existência dela nos dias de feira.

Gosto de sentir o cheiro da terra molhada depois de uma madrugada chuvosa. Acendo um cigarro, vou até a cozinha preparo meu café, vou até a sala e ligo a TV. Meus olhos assistem os documentários enquanto minha cabeça gira em torno da Terra. Uma luz parcimoniosa reflete na tela acordando-me e dizendo que está na hora de ir a feira comprar as minhas frutas e comer um pastel no Giovanni.

Um prédio simples de três andares, acinzentado e com as paredes descascadas pelo tempo. Desço as escadas e fico logo de frente com a barraca de maçãs, bananas, peras e uvas. Continuo caminhando pela rua. Acho a barraca com mangas. Minha fruta predileta. Pego cinco delas, as mais bonitas e que creio que estarão ótimas. Continuo andando e passo pela barraquinha do Sr. Giovanni. Compro dois pasteis de frango e sigo para casa.

Sento à mesa e começo a comer meus pasteis tomando um suco de manga. Na sala, um livro de Albert Camus me espera para ser devorado de sobremesa pelo resto da tarde. Depois de comer sento em minha poltrona e abro a janela para amenizar minha claustrofobia e melhorar a circulação da casa. No rádio, Schubert havia renascido com fortes guinchos dos sopranos.

O telefone toca. O piso de madeira range enquanto me aproximo do telefone. Na outra linha era meu amigo de trabalho, Lucas. Lucas, vamos fazer um churrasco amanhã de tarde na sua cobertura? Claro, vamos sim. Nós podemos pedir pro Alberto preparar aqueles atestados para nós e depois na segunda entregamos. Lucas, tenta ligar para o resto do pessoal. O que acha de chamar o chefe? Claro, é uma boa idéia. Fala pra ele levar as carnes. Podemos comer os olhos, costelas e coxas. Seria delicioso. Leva um pouco das suas pernas e braços também Lucas. Sempre estão bem feitas. Ok, nos vemos amanhã então, grande abraço. Adeus.

Sento novamente em minha poltrona e retorno a leitura. As cinzas do cigarro caem como a areia da ampulheta corroendo meus pulmões. Mais um dia se passou. 

Agora volto a respirar.

3 comentários:

  1. O Primeiro Dia Depois de Tudo "eu comeria meus rins, meu coração..." tão imagético quanto a peça. Gostei muito.

    Daphini.

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  2. Muito RUIM, precisa melhorar a sua narrativa.
    Não basta escrever dificilmente, com um dicionário no colo e o vovô na linha.

    Mas que dia senil, não deu meia hora de um dia, e aposto que nem foi você que fez o suco.

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  3. Flopito!!! Eu nao sei fazer uma onomatopeia de aplausos. Mas quero que vc saiba que estou aplaudindo de pé. "As cincas do cigarro caem como areia da ampulheta"!!! Alem do mais.
    Um beijo nesse seu coraçãozão. E muita criatividade á nós.

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