segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Irenice e Isabela.

Saindo do jogo contra Assis, elas pediram pra tirar foto comigo também:

Eu continuava a observá-las do ônibus. Aquela cena figurada pela humildade da mãe e da filha fazia-me refletir.
As duas tiravam retratos de seus ídolos. Sim, digo "retrato" - expressão antiga - para aludir à máquina delas que era muito antiga.
Aquela máquina dava o direito ao seu proprietário de preocupar-se com a contagem regressiva de "poses", além da preocupação em não queimá o filme, assim, apagaria a prova de que elas estiverem na presença dos ídolos.
A vestimenta das duas e a dita máquina faziam um contraste com a modernidade. Isso tudo me chamava a atenção e me comovia.
Com tantas outras coisas inúteis para se fazer naquela noite de 12 de outubro, a única explicação de elas estarem ali era, de fato, a admiração por aqueles homens. Mas, admirar o que neles? Aquela admiração está ligada à ignorância. Pois tenho certeza que se elas soubessem quem são eles de verdade, teriam ficado em casa vendo TV - e se iludindo com outros ídolos -, fazendo crochê ou escrevendo.
O fato é que eu sei quem são os ídolos delas. E desconfio, portanto, do mesmo modo não saber quem são os meus. Afinal, "meus heróis morrem de overdose".
A moral daquela cena, daquele flash é admirar os fatos e as obras, não as pessoas. A beleza das coisas está em quem vê, por isso nunca nos frustaremos com elas; já os autores... os ídolos são dignos de vaidades, ímpetos e humor, são corromptíveis. São drogados.
Aquele flash nos meus olhos fez-me enxergar esse texto.
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AMEM!

por João.

2 comentários:

  1. Nossa, João!
    Surpreendente!
    Incrível esse texto, parabéns!
    Abraços

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  2. Valeu, Lucão! Continue nos lendo... Um abraço e sucesso na vida.

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