quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Bengalas de Pedra

  A vida humana não passa de um sonho. Todas as atividades que criamos apenas visam satisfazer nossas necessidades, que por sua vez não têm outro objetivo se não prolongar nossa mísera existência. Essa vida que age como uma prisão. Todos nossos sonhos sendo desenhados nas paredes da nossa cela. Presos por longos anos, onde apenas os desenhos fazem sentido e a janela aberta por onde entra um único raio do sol não pode fazer nossa total felicidade.
  Esta prisão faz nos concentrarmos a criar um mundo em nós mesmos. Um mundo mais de desejos escuros do que imagens nítidas.  As misérias que passam despercebidas, mas que mesmo assim ainda sorrimos para elas pensando que causaram um bem maior a nossa vida. As víboras tão más dilaceram nossos passos nos fazendo desistir de cada desenho.
  As pobres crianças que não sabem a razão de seus desejos, logo corrigidos pelos adultos. Mas também os adultos caminham mutáveis e ao acaso por esta terra de ninguém sem saber de onde na verdade vieram e para onde a final vão. As pessoas praticando suas ações monótonas dia após dia sem objetivos determinados. E como as crianças, deixam-se ser governados por biscoitos e doces.
  Os mais felizes são aquelas que atiram seus lápis pelas janelas e deixam de desenhar em suas celas, esquecendo completamente dos objetivos do mundo. Ficando apenas nas pontas dos pés com suas mãos dentro de gavetas à procura de doces para comer e logo em seguida estar pronto para pedir mais e mais.
  Deixo os sonhos guardados no giz.  Apago cada desenho criado pela minha mente. Tampo o último buraco de minha cela. Repouso a cabeça sobre a pedra e deixo a escuridão me cobrir dizendo: O sonho não existe. Não há sonhos. A vida é apenas um sonho.

Flopito.

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