domingo, 6 de fevereiro de 2011

Do banheiro ao fone de ouvido.

Existiu a época que as casas tinham apenas um banheiro e isso agregava a família. Quando tinham uma festa para ir, existia um revezamento na família para usar o único banheiro da casa. Com isso pai, mãe, filhos e filhas se comunicavam para saber quem iria tomar banho primeiro e "não tranca a porta menino", gritava alguém. Claro que surgiam briguinhas, mas o que não derruba, fortalece. A família se unia mais.
Li, há um tempo, o livro Fora de Série que, resumindo, dizia o que O Rappa canta: "detalhes fazem a diferença e é bobagem". Eu não acredito que um bom gestor seja filho unico, é na infância que a pessoa forma sua personalidade. E se desde pequeno o menino aprende a dividir os brinquedos, aprende a ceder para que o irmão não se incomode tanto conosco, quando essa criança se torna adulta, ela conseguirá entender como relações pessoais funcionam. O mesmo vale para aquelas pessoas que dividem o banheiro com o restante da família. É claro que é um perrengue ter que esperar, e as brigas inevitáveis nos consomem o bom-humor. Mas essa pessoa, no futuro, e no presente também, entende melhor os outros seres que dividem o espaço consigo. Isso é uma regra barata, que gera muitas excessões.
Eu sou do tempo que as casa tinham uma Tv só. Era uma disputa no horário nobre. O filho mais velho queria ver um filme inédito que passaria num canal, a mãe queria ver a novela, o filho mais novo opta pelo mesmo que o pai, o jogo num canal diferente. E a família sempre conseguia chegar num consenso. Com isso, aqueles dois moleques no ápice da formação (estamos sempre nos formando) veem que o melhor caminho é conversar e colocar na balança os prós e os contras. Brigas surgem, mas não desagregam nenhuma família. Muito pelo contrário.
Em Santo André, há uns dois anos, houve um assassinato que chegou no Jornal Nacional. O jovem matou a ex-namorada porque ela tinha rompido com o relacionamento. Espetacularismo à parte, a discussão que envolveu as mesas redondas, foi que os jovens de hoje em dia (não gosto desse generalização) não sabem ouvir "não". Na certa, aquele assassino não teve uma família normal. Isso é outro assunto. Só quero abordar o fato da entidade Família ser importante para a formação do ser humano, e como coisas aparentemente trivias, que sercam (ou cercam?) essa tal entidade são importantes.
Lembro de um episódio. Eu e minha mãe passeavamos na rua quando, na outra calçada, um homem falava sozinho. Ficamos um tempão brincando, entre nós, como aquele homem era maluco!
Por esses dias, eu estava sozinho, e vi uma mulher sozinha falando. Eu lembrei daquela cena com minha mãe, e já quis diagnosticar o pinel da mulher, mas foi só ela se virar que pude observar que ela possuía um fone de ouvido cujo fio ia até a cintura onde tinha um celular pendurado. Não quero falar que aquele fone estragou minha brincadeira, mas comecei a pensar como esse objeto tem afastado as pessoas, umas das outras.
No onibus e metro, já pude observar mta pessoas conversando entre si, e cada uma com um fone de ouvido. Como assim? Ela ouvem musica e conversam ao mesmo tempo?
Já me disse alguém: a tecnologia nos aproxima de quem está longe, e nos afasta de quem está perto.
Eu não tenho ipod, mp3 e outros similares justamente porque eles me põem um fim à minha contemplação, além de me atralhar os pensamentos.
É claro que certo artício, o fone de ouvido, melhorou a vida dos seguranças que ficavam parados horas olhando pra onde? Mas ver dois amigos conversando e nos seus pares de ouvidos, dois fones pendurados, é o fim da picada.
A música é vida! O celular é mó adianto. Mas não vulgarizar os dois? "Música de bolso" é espetacular, mas não para ficar entre uma conversa. Celular perdeu sua função: ligar e desligar. Ele agora serve como "tocador de músicas", album de fotografia, agenda telefonica, é computador etc.
Não consigo imaginar uma pessoa bem-sucedida (essa palavra tem conceito, não assimiliem-na com fama) que tenha passado um tempo de sua vida ouvindo música no celular e conversando com um amigo. Isso é o fim do relacionamento. É o fim da contemplação!

AMEM!

por João.

3 comentários:

  1. É verdade... Um banheiro pela união de uma família. Como é boa a união! Por coincidência, comentei isso com o meu namorado ontem. Saudades meu amigo!

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  2. Sei bem do stress de se dividir o banheiro....
    e do lance da televisão... mas junta a família, mesmo que nos tapas, junta!
    O celular e a internet ajudam a aproximar as pessoas, mas não tem comparação com a vivencia do dia a dia. Além disso, fones que saem dos lugares mais inusitados das roupas das pessoas e que ficam pregados nos ouvidos dia e noite, esses chegam a ser inconvenientes de verdade. Penso que nós temos que aprender a ouvir a musica que sai da nossa mente.
    O avanço da tecnologia é fantástico, desde que essa tecnologia seja usada a nosso favor ao invés de nos escravizar, também não é por isso que vamos repudiar tudo que seja novo, acredito que precisamos saber aproveitar o que inventamos.

    abração joão

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  3. Amei, voce escreve maravilhosamente bem! O texto esta muito bom e concordo com vc, nada de televisao no quarto, ne? hahahha
    Voces estao de parabens.
    beijos

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