sexta-feira, 29 de julho de 2011

17 fevereiro de 1968

Carta ao Ministro da Educação

“Em primeiro lugar queríamos saber se as verbas destinadas para a educação são distribuídas pelo senhor. Se não, essa carta deveria se dirigir ao presidente da República. A este não me dirijo por uma espécie de pudor, enquanto sinto-me com mais direito de falar com o ministro da Educação por já ter sido estudante.
O senhor há de estranhar que uma simples escritora escreva sobre um assunto tão complexo como o de verbas para educação – o que no caso significa abrir vaga para os excedentes. Mas o problema é tão grave e por vezes patético que mesmo a mim, não tendo ainda filhos em idade universitária, me toca.
O MEC, visando evitar o problema do grande número de candidatos para poucas vagas, resolveu fazer constar nos editais de vestibular que os concursos seriam classificatórios, considerando aprovados apenas os primeiros colocados dentro do número de vagas existentes. Essa medida impede qualquer ação judicial por parte dos que não são aproveitados, não impedindo, no entanto, que os alunos tenham o impulso de ir à ruas reivindicar as vagas que lhe são negadas.
Senhor ministro ou senhor presidente: “excedentes” num país que ainda está em construção? ! e que precisa com urgência de homens e mulheres que o construam? Só deixar entrar nas faculdades os que tirarem melhores notas é fugir completamente ao problema. O senhor já foi estudante e sabe que nem sempre os alunos que tiraram as melhores notas terminam sendo os melhores profissionais, os mais capacitados para resolver na vida real os grandes problemas que existem. E nem sempre quem tira as melhores notas e ocupa uma vaga tem pleno direito a ela. Eu mesma fui universitária e no vestibular classificaram-me entre os primeiros candidatos. No entanto, por motivos que aqui não importam, nem sequer segui a profissão. Na verdade eu não tinha direito à vaga.
Não estou de modo algum entrando em seara alheia. Esta seara é de todos nós. E estou falando em nome de tantos que, simbolicamente, é como se o senhor chegasse à janela de seu gabinete de trabalho e visse embaixo uma multidão de rapazes e moças esperando seu veredicto.
Ser estudante é algo muito sério. É quando os ideais se formam, é quando mais se pensa num meio de ajudar o Brasil. Senhor ministro ou presidente da República, impedir que jovens entrem em universidade é um crime. Perdoe a violência da palavra. Mas é a palavra certa.
Se a verba para universidades é curta, obrigando a diminuir o número de vagas, por que não submetem os estudantes, alguns meses antes do vestibular, a exames psicotécnicos, a testes vocacionais? Isso não só serviria de eliminatória para as faculdades, como ajudaria aos estudantes em caminho errado de vocação. Esta idéia partiu de uma estudante.
Se o senhor soubesse do sacrifício que na maioria das vezes a família inteira faz para que um rapaz realize o seu sonho, o de estudar. Se soubesse da profunda e muitas vezes irreparável desilusão quando entra a palavra ‘excedente’. Falei como uma jovem que foi excedente, perguntei-lhe como se sentira. Respondeu que se sentira desorientada e vazia, enquanto ao seu lado rapazes e moças, ao se saberem excedentes, ali mesmo começaram a chorar. E nem poderiam sair à rua para uma passeata de protesto porque sabem que a polícia poderia espancá-los.
O senhor sabe o preço dos livros para pré-vestibulares? São caríssimos, comprados à custa de grandes dificuldades, pagos em prestações. Para no fim terem sido inúteis?
Que estas páginas simbolizem uma passeata de protesto de rapazes e moças.”


Clarice Lispector

M.L.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Inicio, o fim e o meio.

Tenho muita dificuldade em encontrar início no fim. Sei que está lá, mas ainda sim sinto tristeza no fim. Ainda que o fim não seja, não se faça presente e sim hipótese, doi.

- Gina

sábado, 23 de julho de 2011

Tão claro.

Te pego, te seguro, te amarro
Te espero, te sigo, te calo
Te quero, te ligo, te falo
Te amo, te sonho, tão claro
Te pego, te tomo, te faço meu
Te quero meu, te faço meu
Te tomo meu, esse corpo teu
Esse corpo teu eu faço meu.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Lista de cinco músicas sobre o amor

Caros leitores,

Hoje não é meu dia de escrever no blog, mas ainda sim aqui estou. A minha condição básica de existência - ser mulher - trouxe-me aqui para preencher a que seria uma das muitas quintas-feiras vazias no blog  e apresentar-lhes minha lista.
Fiz uma seleção de músicas brasileiras e estrangeiras que falam sobre o amor. Como o repertório delas é muito grande, eu limitei a escolha as músicas que tenho no meu celular. Antes da lista, respostas as possíveis reações as minhas escolhas.

a) MAS VOCÊ ESQUECEU DESSA AQUI Ó!

Novamente: escolhas limitadas as músicas do meu celular.

b) E SE A MÚSICA QUE EU FALEI TEM NO SEU CELULAR E VOCÊ NÃO COLOCOU?

A lista é minha.

b) ESSA MUSICA QUE VOCÊ ESCOLHEU É UMA DROGA!

A lista é minha.

Dentre outras reações. Reclamações, sugestões ou elogios, favor comentar.

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Músicas brasileiras e minhas justificativas:

Eu te amo - Chico Buarque

Essa música tem uma força poética muito grande. Quando a ouço, quase sinto dor, mas ainda permaneço de alma ilesa. Como se perdesse o sentido do viver e continuasse meu caminho no automático. Nessa versão: Chico Buarque, Tom Jobim e Telma Costa.

Último romance - Los Hermanos

"E até quem me vê lendo jornal na fila do pão sabe que eu te encontrei." A música conta a história de um casal que envelhece juntos. Essa música é muito, muito bonita. Ouçam.

Pra você guardei o amor - Nando Reis part. Ana Cañas

Eu nunca soube explicar o que é o amor, mas se eu soubesse, teria escrito essa canção.

Amores imperfeitos - Skank

Tenho um carinho especial por "Amores imperfeitos". É uma música leve e me lembra que nada - nem ninguém - é perfeito quando se ama.

Exagerado - Cazuza

Todos já fomos - ou somos - exagerados quando amamos. Principalmente no início, no auge daquela paixão toda.

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Músicas estrangeiras e minhas justificativas

Thank you for loving me - Bon Jovi

Obrigada(o) por me amar. Tem agradecimento mais lindo que esse minha gente?!

Songbird - Fleetwood Mac

Por que é isso que desejamos àqueles que amamos.

My Man - Barbra Streisand

É muito difícil admitir que amamos tanto alguém. Nessa interpretação, Barbra deixa isso muito claro. Um esclarecimento: essa é a música que encerra o filme Funny Girl.

Maybe I'm Amazed - Paul McCartney

Maravilhosa. E é isso.

Love of my life - Queen

Quando vejo o vídeo dessa música que emociono. É como se Freddie fosse um grande maestro... O que ele, de fato, era. Ainda que você não seja fã da banda esse vídeo é muito bonito e a canção é de partir o coração. I STILL LOVE YOU!

Uma boa noite para todos os apaixonados, os solitários, os solteiros e os indiferentes.

- Gina

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Thiago Fragoso se prepara há um mês para correr nu em O Astro.

Pra quem duvida, isso é uma notícia.

Depois de ler essa notícia, liguei para a globo imediatamente. Depois de muita espera - com direito a músicas de elevador de motel - conversei com o diretor de O Astro e concordamos que Thiago Fragoso realmente estava despreparado para esse papel. Expliquei que eu não precisava de preparo para correr nua e ele concordou em realizar um teste.
É isso aí pessoal, fiquei duas semanas no Projac correndo pelada! Oras, preparo para tirar a roupa e sair correndo, vejam só...
Caros leitores, sintonizem na globo mais perto de você e assistam a minha estreia como atriz. Só pra explicar, não é pornô, o nome é nu artistico.

Globo: a gente se liga em você.

- Gina

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Dia 18 de julho.

Pode parecer falta de idéia, e é mesmo. Mas você reparou que dia é hoje? Já passamos da metade do ano.
Virou clichê dizer que o tempo passa rápido. E já era anunciado em Apocalipse que o fim estará mais proximo quanto mais o tempo passar. Desconfio que essa afirmação seja uma filosofia barata: quanto mais velhos, mais próximos da morte, mais o tempo passa.
O tempo do filho não é o mesmo tempo do pai, já cantavam os Titãs em alguma música.
Todos dizem e se espantam como o tempo se esvai. Mas não temos, de fato, essa consciência. A rotina põem um fim à comtemplação, e não absorvemos que o tempo passa rápido demais!
Olhando pra trás e vendo os momentos felizes e os triste, que na hora pareciam eternos, passaram. A infância e a adolescencia... Dá um medo...
Qualquer conselho barato incentivando voce a fazer o que quiser, falar o que realmente pensa pra pessoas, curtir o momento, carpe diem, é bobagem! Você sabe disso, não tem consciência, mas sabe!
O que tenho pra lhe dizer, e nao me importa por qual momento está passando: é que essa fase passa! E a próxima passará da mesma forma.
E o ultimo conselho é para você desacelerar um pouco! Tenha menos pressa!


AMEM!

Por João

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Mother

Mother- Pink Floyd

Acho que essa música mostra os prazeres e infelicidades da maternidade. Ser mãe não é fácil, pelo menos é o que eu sempre ouvi as mães dizerem. Então, aqui está. O contexto materno é o tema por que amanhã é aniversário da minha mãe e nós não estaremos juntas. Ela vivia me perguntando quando eu ia escrever sobre ela aqui. Pronto mãe, não é sobre você, mas um estar estando human(a) o qual você sempre viverá. Afinal, ex-mãe não existe.

Esse post é dedicado a minha mãe que amanhã completa xx anos (se eu colocasse a idade...).

- Gina

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Ilusão.

Computador, vidro, espelho, eu, vocé, amor, sexo, filho, pais, pai, mae, Pedro, tenis, meia, basquete, Y, Barueri, capela, Deus?, Deus!, planeta, água, peixe, signo, março, chuva, barco, bombeiro, barulho, chato, paciencia, leitura, faculdade, sobrancelha, pecado, ira, luxuria, budas, calma, insenso, casa, saudades, auto-conhecimento, verdade, mentira, familia, show, Nando, Cassia, drogas, FHC, idade, ilusão, amor, você, eu, espelho, vidro, computador.

AMEM

Por João.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Haver

Apenas vive-se na ignorância do ser
Na fome de dizer
Na sede de vencer.
Apenas vive-se no gigantismo dos ignorantes
E na estupidez dos iniciantes.
Apenas vive-se sem saber viver
Sem saber por quê
Em ser. Sem ser.

M.L.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Uma noite de cão.

Fiquei responsável de concluir um trabalho final para uma disciplina. Ontem, baixei o arquivo e o conclui, bem como corrigi todos os erros do trabalho de vinte e sete (27!) páginas.
Só que quando fiz o download do arquivo, ao invés de - como uma pessoa normal - clicar em salvar, cliquei em abrir. Sim, eu tenho uma doença mental.
Depois que editei todo o trabalho e o salvei várias vezes - achando que o arquivo estava no desktop -fechei-o e fui anexá-lo ao email para minhas colegas de grupo. É claro que eu não consegui enviar, por que o arquivo sumiu.
Sumiu? Sim, sumiu.
Ou seja, eu perdi todo o meu trabalho de 5 horas no computador.
- Ai Giovanna, mas dá pra recuperar...!
Não porra, não dá.
Uma das coisas mais legais disso é que quando eu fui enviar o email, o relógio marcava 01h30. Estava fudida e com sono.
Resumindo: perdi toda a correção do meu trabalho após cinco horas de trabalho, fiz uma conclusão escrota só pra tapar o sol com a peneira e, além de tudo, enquanto escrevia a conclusao no proprio email, o computador reiniciou. SOZINHO.

Enfim, só queria compartilhar esse momento escroto da minha vida acadêmica.

Boa semana a todos e boa risada da minha desgraça.

- Gina

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Preconceito.

Baseado, inspirado, menção, homenagem, tributo: Mistérios em São Cristóvão, de Clarice Lispector.

Em um canto da cidade uma familia preparava-se para dormir. Num outro canto tres mascarados saem por uma porta.
Esses tres enveredam pelas ruas e decidem pular o quintal da casa da familia. Invadem o quital para roubar os jacintos e aderirem-nos á sua fantasia - eles caminhavam á uma festa a fantasia-, quando são surpreendidos pela menina que de dentro da casa ve tudo atraves da janela. Os mascarados fojem do susto da menina...

Esse é um grosso resumo de uma conto deleitavel de Clarice Lispector. Mas a narrativa me levou à reflexão de que ladrões não roubam flores, nem cartas de amor, nem abraços... Será que o que eles roubam é mesmo valioso?
Você pode me apontar que eles roubam vidas, matando vitimas e deixando familias ocas, eu ligeiramente lhe digo: esse é o ócio do oficio. Ninguém mata outra pessoa achando que levará consigo a vida da vítima. Eles não têm coração, nem poesia dentro dele.

Como a própria Clarice termina uma crônica sua: Fiquei pensativo.


AMEM.

Por João.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

A verdade do silêncio

"Sei que a mudez, se não diz nada, pelo menos não mente, enquanto as palavras dizem o que não quero dizer."
Clarice Lispector

M.L., estou muda.