quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Quarta-feira

Tenho nada para falar sobre a quarta-feira. Lembro de nada significativo que tenha acontecido nesse dia. Como a maioria das coisas eu guardo para acontecerem no fim-de-semana, a coitada da quarta permanece como uma pedra no meio do caminho que atrasa a chegada da cerveja com os amigos na sexta e a ida pra São Paulo no sábado. E não sou só eu que penso e ajo assim: todo mundo parece travar o que quer e o que sente para que desemboque no fim-de-semana. A quarta fica como um bloco de 24 horas que demora.

Mesmo assim, a gente acorda, respira, anda, come, transa, chora e conversa na quarta, e esperamos o outro lado vir. A gente não quer que a quarta aconteça, mas a quarta acontece na gente, pois ela é a encarnação daquilo tudo que fazemos na vida: esperar. Esperamos a viagem, o beijo, o salário, a vinda da redenção – mesmo que você seja ateu e não acredite no retorno do Messias, de Jesus, do Satã (sim, tem gente esperando por ele também), todos esses nomes representam aquilo que é a simples salvação. E queremos ser salvos dessa maldita nulidade existencial da qual não temos como escapar.

A quarta-feira fica como esse bloco de 24 horas que demora porque experimentamos, pelo menos um pouquinho, o vazio daqui de dentro em que é bom se afundar de vem em quando. Aqui e lá, sempre vai ter esse entrave metafísico dentro do estômago que nós descotamos com o riso e o soluço.

Mas isso fica pra depois. Agora vou pro forró. Beijos, me retweeta. 

3 comentários:

  1. cauli, que deliciaa seu texto ! adorei .. nao sabia que voce escrevia.
    Parabens .. esta a sua cara!! ahahah
    bjaoo, estou com saudades de suas palhaçadas

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  2. A vida é uma eterna espera. Esse texto tocou a mesma musica que soa aqui dentro de mim. Mas ja dizia um poeta: Esperar é se admitir incompleto. Barbaro!

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  3. Muito bom... é exatamente o que eu sinto em relação a quarta-feira...

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