Podem me chamar de louca, mas eu acho que eu descobri o que é felicidade. E imagino que ela esteja escondida em algum lugar no Rio. Sim, no Rio. Vão me tachar de ridícula, se levarem em conta que eu nunca estive lá. Eu sei, eu sei, soa ridículo. Mas, por alguma razão que eu desconheço, quando escuto “Corcovado”, do Tom Jobim, por um breve momento, eu sei exatamente o que é felicidade e onde ela está. A maior responsável por isso, sem dúvida, é a melodia. O ritmo, a batida, etc. Eu sinto tudo aquilo com uma intensidade gritante. Tanto que nem consigo colocar em palavras. Mas a letra existe e é inevitável associar aquela sensação com “da janela vê-se o Corcovado e o Redentor, que lindo”.
E, porra, - tava demorando pra ela aparecer – a letra inteira é encantadora. Desde aquele comecinho melancólico, com a voz perfeita - e o sotaque engraçado - da Marisa Monte cantando em inglês “Quiet nights of quiet stars, quiet chords from my guitar...” Porra, acordes mudos no violão. Noite calada, estrelas silenciosas. Ela tenta descrever a melancolia de uma noite entediante. E consegue, mas não tem nenhuma tristeza nessa melancolia, pois é impossível haver qualquer tristeza. Ela é bela, infinitamente bela. Exatamente porque se vê o Corcovado e o Redentor da janela, oh how lovely. E porque tem alguém, aquele alguém. E, porra, quem consegue ficar sem derreter quando escuta “quero a vida sempre assim, com você perto de mim, até o apagar da velha chama”? Quem, quem?! E como palavras tão simples podem tocar tão fundo? “E eu que era triste, descrente desse mundo, ao encontrar você eu descobri o que é felicidade, meu amor.” Diz tudo, precisa falar mais alguma coisa?
Mas chega desse falatório sem pé nem cabeça. A pergunta que fica é “então o que é preciso para ser feliz, porra?” É claro que vai variar de pessoa pra pessoa, mas vou listar os itens necessários e indispensáveis para se alcançar a tão desejada felicidade:
-Uma casa simples (mas aconchegante) em algum lugar no Rio, que dê para ver da janela um cantinho de céu e o Redentor;
-Uma pessoa pra quem você cantaria “quero a vida sempre assim, com você perto de mim”;
-Um cachorro (se você consegue ser feliz sem um, você deve ser um assassino frio e sanguinário – ou uma pessoa insuportável de tão chata.);
Tá vendo? Simples assim. Isso prova que a felicidade não tem nada a ver com mansões, carros de luxo, rios de dinheiro, carreiras promissoras, fama ou imortalidade. O básico pra ser feliz tá listado aí. O resto a gente dá um jeito.
E, se felicidade não é isso, eu não sei o que é.
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