sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Fome Humana

Há uma imparcialidade em “O poeta é um fingidor”.  Ninguém é tão imparcial, capaz de não depositar em cada linha um pedaço de sua alma.
O poeta é um inventor. Não existe fingimento em criar, possuir heterônimos com personalidades diferentes - que não deixa de pertencer ao próprio criador. Fernando Pessoa(s) é um exemplo de que somos incapazes de sermos apenas nós. Há uma fome humana em pertencer a outros “corpos”, de existirmos de outras formas, mas sendo, no fundo, nosso alter ego.
Não possuo heterônimos ou pseudônimos. E no começo gostaria de ser imparcial – essa mesma angústia que afligia Clarice Lispector. Entretanto, sou incapaz de não transpor em cada frase meus pensamentos, desenfreados ou ordenados.
Busco somente pertencer a cada palavra e escrevo com minha alma e com minhas angústias. Afinal, ainda não sei do que é composto um bom texto.
M.L.

Um comentário:

  1. Sabe Manu, eu nunca tinha pensado sobre isso. O poeta é, de fato, um criador.
    Você voltou com tudo mesmo. Eu adorei.


    mil beijinhos.

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