Não consigo mais
acreditar nessa mente que tanto me trai. Que nem nas horas oportunas ela
aparece para abrir os meus olhos e ver o meu reflexo, o reflexo de um rosto
perplexo e sem reação, nos olhos da garota que poderia vir a amar. As únicas
reações são de apenas seguir os seus meros conhecimentos, que tanto achava que
iria ajudá-lo. Esta lamúria que agora
dobra a minha feição copia a dela outra hora chorosa em minha frente. Resignei a
única oportunidade que tive de ignorar a razão e seguir o sentimento. Tornei-me
um mostro. Parece que está tatuado em minha alma o androcentrismo, uma
repugnação pelo alento tenro do soluçar daquela mulher que torce os meus braços, morde meu ombro e deita os olhos lacrimejantes sobre eles para curar as
pequenas mordidas. Meu sorriso estava a empulhar você. Ele estava apenas a
arremedar e gozar daquele momento, como se fosse um trono para o meu ego sentar
e desfrutar daquela oportunidade rara. Devia ter lutado mais. Essa incompletude
agora agarra o meu coração e o dilacera entre uma risada e outra. As notas de
Chopin não vicejam mais. Algo que parecia ser tão edênico agora é tão simples.
Sinto-me acaçapado pelo destino que apoia seu pé sobre a minha cabeça e a
esmaga contra a parede sem dó. Mas isso tudo vai passar. Não importa o quanto
tempo leve, sempre passa. Mas isso tudo irá voltar. Não importa quanto tempo
leve, sempre volta.